publicado dia 27/03/2021

EMEI Nelson Mandela: educação antirracista e acolhedora

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27/03/2021|

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Escola de educação infantil promove atividades que acolhem, combatem o preconceito e promovem a cultura afro-brasileira

Por Diel Santos

A EMEI Nelson Mandela, que atende crianças da Educação infantil na rede pública da cidade de São Paulo há alguns anos, tem trilhado o caminho de promover iniciativas pedagógicas que combatam preconceitos, racismo e valorizem também a cultura afro-brasileira. 

Em 2011 o muro da escola, localizada no Bairro do Limão, zona norte da cidade, foi pichado com frases e provocações racistas. O ocorrido acabou fortalecendo não só o projeto pedagógico como o envolvimento da comunidade, que se engajou junto com a equipe escolar e com as crianças para pedir a mudança do nome da escola, que antes se chamava Guia Lopes.

A partir daquele ano, a escola reformulou o Projeto Político-Pedagógico (PPP) e incorporou as questões étnico-raciais no planejamento de atividades. O cumprimento da Lei nº 10.639 é um dos pilares da escola. A norma federal torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira em todas as etapas da educação brasileira. 

A atuação pedagógica a partir de uma educação antirracista, desde a primeira infância, é fundamental no combate ao racismo e a EMEI Nelson Mandela tem foco nisso. 

“O que percebo nas crianças negras que chegam na nossa escola é que, muitas vezes, elas vêm com aquele estigma da criança mal educada, violenta e indisciplinada. É preciso acolher essas crianças, dizer como elas são especiais e como são queridas. Nosso papel é combater esses estereótipos”, comenta Solange Santos, educadora da EMEI Nelson Mandela.

Projeto Família Abayomi

Família Abayomi, na Escola Nelson Mandela. Crédito: Divulgação

Uma das iniciativas de sucesso da EMEI Nelson Mandela é a Família Abayomi. O projeto foi um importante ponto de partida para trabalhar a questão do racismo e promover a cultura de respeito às diferenças.

A união entre o príncipe negro africano Azizi Abayomi e a princesa Sofia, e seus filhos Dayó e Henrique, dão margem e extrapolam os limites da imaginação das crianças que estudam na escola. 

Cada novo acontecimento na vida familiar dos bonecos, em tamanho real, abre caminho para atividades cheia de ludicidade e que trabalham com as crianças questões como afeto, autoestima, melanina e tons de pele, cultura afro-brasileira e o resgate da autoestima, entre outras questões.

Pelo projeto a escola ganhou o 6º prêmio “Educar para a Igualdade”, em 2012, na Categoria Escola, promovido pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT). Em 2019,  a iniciativa conquistou o 7° prêmio de Educação em Direitos Humanos 2019, da prefeitura de São Paulo.

A escola educa as crianças?

Famílias, educadores e crianças realizam atividade no muro da escola. Crédito: Divulgação

Um dos pilares da escola é também a proximidade com as famílias e com a comunidade da escola. “Acho que o nosso diferencial é o investimento que fazemos nessas relações. Sempre começando o ano letivo conhecendo as famílias das crianças, apresentando a escola. Aproveitamos a HA (hora atividade) prevista no nosso calendário acadêmico para dividir alguns momentos individualmente com cada família. Durante o ano todo, sempre fazemos convites para que participem da escola”, conta Solange Santos, educadora da EMEI Nelson Mandela.

Em 2018, mais uma vez, o muro da escola serviu como elemento de integração entre a escola e a comunidade. Naquele ano, o local foi pichado novamente, dessa vez com a frase: “A escola não educa as crianças!”. A provocação, feita do lado de fora, reverberou internamente, com toda a equipe escolar.

“Depois do ocorrido, toda a equipe se reuniu para pensar sobre o que seria feito a partir disso. A decisão foi usar a frase como uma questão disparadora: A escola não educa as crianças? Realizamos atividades com as crianças trabalhando essa questionamento e fizemos a mesma pergunta para todas as equipes de educadores da escola e para as famílias. O que será que todos pensavam?”, pergunta.

O encontro com as famílias serviu como um importante marcador nessa relação entre escola e comunidade. As respostas dadas mostraram a importância da educação compartilhada e da responsabilização coletiva pelo desenvolvimento das crianças. 

“Além da questão pedagógica, essa reunião serviu como uma ingestão de ânimo de que estamos no caminho certo”.

O projeto final foi a pintura do muro da escola. As educadoras selecionaram desenhos feitos pelos alunos e algumas frases ditas pelas famílias, a partir do questionamento sobre o que é educar. O local foi pintado por todos, educadores, famílias e crianças.

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