publicado dia 15/10/2021

Professora tem papel fundamental na identificação do trabalho infantil

por Soraya Freire de Oliveira

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15/10/2021|

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Sou Soraya Freire de Oliveira, professora de Ensino Fundamental I, na Escola Municipal Thomás Meirelles, localizada no município de Manaus, estado do Amazonas.  Agradeço ao convite do Criança Livre de Trabalho Infantil para divulgar e trocar experiência nesse espaço sobre o papel do professor no enfrentamento ao trabalho infantil.

O trabalho infantil é um problema que atinge diretamente o universo escolar, pois prejudica a aprendizagem da criança, ou ainda, causa o abandono da sala de aula. Ocasiona cansaço pela atividade nas ruas, desequilíbrio emocional pela pressão da família em exigir o retorno financeiro diário, além da vulnerabilidade física e emocional por conta do convívio com a violência, abuso e assédio sexual, drogas e acidentes nos locais de atuação na esfera infanto-juvenil.

A minha inquietação frente a essa problemática surgiu a partir da observação de um aluno em sala. Ele não conseguia prestar atenção nas atividades, pois dormia na carteira, além de demonstrar extremo cansaço sem conseguir interagir com os colegas. Meu dever como profissional foi averiguar a situação. Foi relatado pela família que o discente atuava pela madrugada em uma padaria ajudando seu pai. Imediatamente, iniciamos um trabalho de sensibilização  para mudar essa triste realidade.

Busquei uma maneira de alertar as famílias quanto aos perigos do trabalho infantil. Partindo dessa realidade, surgiu o Projeto “Trabalho Infantil, Diga Não!”. A experiência pedagógica é realizada anualmente e tem como objetivo alertar a comunidade escolar e as famílias sobre os malefícios do trabalho infantil no contexto físico, social e emocional. O projeto contempla ações voltadas para sensibilização quanto ao enfrentamento ao trabalho infantil.

Foram desenvolvidas diversas atividades: em uma delas, por exemplo, os alunos criaram um mascote da campanha sobre o tema. Com o nome “Blá! Blá! Blá!”, uma roda de conversa promoveu a reflexão das crianças sobre o assunto. A turma também produziu contos envolvendo a abordagem, contaram histórias com fantoches de dedo (dedoches), participaram de concurso de poesia sobre o tema, além de representar o símbolo da campanha por desenho.

A experiência educacional obteve êxito ao transformar a vida de muitos alunos. Além disso, se tornou referência nacional, pois as ações do projeto “Trabalho Infantil _ Diga Não!” fazem parte do “Guia de Professores: Como trabalhar o tema na escola”, do Criança Livre de Trabalho Infantil. A publicação apresenta dicas de como identificar estudantes que sejam vítimas dessa violação, além das propostas de como abordar o tema no ensino presencial e remoto.

A participação como educadora no Guia de Professores repercutiu positivamente no estado do Amazonas. A ampla divulgação pelos meios de comunicação  intensificou a reflexão sobre a triste realidade da exploração do trabalho infantil. O verdadeiro  professor é aquele que consegue ultrapassar os muros da instituição  promovendo  uma educação crítica, inovadora e  fraterna.

O Novo Currículo Escolar da Secretaria Municipal de Educação contempla os Temas Integradores Contemporâneos referentes aos Direitos das Crianças. Certamente, consolida a importância em associar a construção do conhecimento ao contexto social do aluno. A criança necessita fortalecer o vínculo com a escola garantindo seu desenvolvimento, pois a Educação é a base de tudo.

* Soraya Freire de Oliveira é professora do quinto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Thomas Meirelles, de Manaus (AM). Apaixonada pela profissão, Soraya já recebeu nove prêmios. Foram quatro Prêmios Professores do Brasil, três prêmios Denatran de Educação no Trânsito, um Prêmio Incentivo à Educação Fundamental e um  Concurso Estadual de Prevenção às Drogas, Tabagismo e prevenção a Dengue.

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