publicado dia 18/04/2019
Combate ao trabalho infantil: Lições de uma das dez melhores professoras do mundo
por Débora Garofalo
publicado dia 18/04/2019
por Débora Garofalo
18/04/2019|
Por Bruna Ribeiro
Como professora, vi nos últimos meses o trabalho de Robótica com Sucata ganhar o mundo. O motivo é que fui considerada uma das dez melhores professoras do mundo pelo Global Teacher Prize, o Nobel da Educação. Não conquistamos o prêmio, mas mostramos ao mundo que é possível combater o trabalho infantil por meio da educação!
O trabalho nasceu da vontade de transformar a vida de crianças e jovens da periferia da cidade de São Paulo que não possuem saneamento básico, residem às margens de um córrego, em casas de madeiras com grandes riscos de desabamento e com vários problemas sociais.
O projeto possui como pilares aulas públicas e sensibilização da comunidade sobre sustentabilidade, por meio da reciclagem, descarte, recolhimento, limpeza, pesagem e separação de materiais (lixo eletrônico e recicláveis), além do exercício do pensamento cientifico e crítico e da pesquisa e construção de diversos tipos de protótipos pelos alunos.
Em três anos de trabalho, conseguimos reduzir a evasão escolar em 93%, aumentar o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira) para 5.2, retirar 1 tonelada de materiais das ruas, reorganizar o lixo com caçambas na comunidade e combater o trabalho infantil em 93%.
Além das crianças terem privado o direito de estudar, elas estão expostas à situação de risco e violência nas ruas. Algo que sempre me incomodou muito era passar em pontos comerciais e movimentados nas proximidades da escola e ver as crianças trabalhando e ou pedindo esmola.
Toda vez que as crianças, entre 9 e 11 anos, me viam nesses locais, ficavam com vergonha e se escondiam. Certa vez, presenciei adultos maltratando as crianças e em outra ocasião pessoas as ofendendo e jogando suas coisas no lixo.
Muitas vezes, elas não tem consciência de que estão sofrendo uma violência naquele momento, mas com o passar do tempo vão se lembrando com frequência da humilhação que passaram, carregando traumas para a vida.
O trabalho de robótica com sucata ajudou a intervir nesta realidade, justamente porque por meio do envolvimento das crianças com o trabalho, elas sentiram vontade de retornar à escola em horários diferentes ao que estudam para concluir os seus protótipos, trabalhando questão de colaboração, empatia e encontrando um novo significado na escola.
É essencial pensarmos uma escola que não só produza conhecimentos, mas que também contribua com soluções locais. O trabalho foi reconhecido e certificado como possível de ser aplicado ao redor do mundo.
Muito falamos em combater o trabalho infantil. No entanto, é necessário que esse assunto seja incorporado como politica pública e que seja incluído no currículo das escolas, para que nossas crianças tenham a oportunidade de estudar.
Por outro lado, sabemos das dificuldades que muitas famílias enfrentam e a solução não pode vir do sofrimento de uma criança, mas do investimento em questões sociais.
E você, querido professor, como combate o trabalho infantil em suas aulas? Conte aqui nos comentários e ajude a fomentar as redes de proteção e a sensibilização sobre o tema.