publicado dia 11/10/2018

Por que combater o trabalho infantil é tão essencial?

por Débora Garofalo

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11/10/2018|

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Canal Futura e Rede Peteca iniciam parceria contra o trabalho infantil Segunda etapa do projeto Pedra, Papel e Tesoura leva oficinas de educomunicação e quadrinhos a escolas da Região Sudeste, com foco no combate ao trabalho precoce. Crédito: Ana Luísa Vieira

Infelizmente ainda temos grandes índices de trabalho infantil no Brasil. Muitos sequer fazem parte das estatísticas. Por isso mudar essa realidade é fundamental para que crianças tenham acesso à infância e à escola.

Cada um de nós pode fazer algo para contribuir com o combate ao trabalho infantil e a escola tem um papel transformador, por ser um dos lugares ideais para que boas práticas sejam disseminadas.

Quero compartilhar com vocês uma boa prática de combate ao trabalho infantil. O educador e empreendedor Arthur Gandra implementou o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) em quatro escolas estaduais de Franco da Rocha, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.

As escolas escolhidas estavam localizadas nas regiões do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), de acordo com critérios de vulnerabilidade social, como número de beneficiários de programas sociais, dentre outros.

Ações para replicar

O projeto teve algumas etapas, conforme conta Arthur. Vou apresentá-las para termos como referência para replicar as ações.

1 – Realização de apresentações para professores e funcionários públicos para divulgar e sensibilizar sobre temas relacionados ao combate ao trabalho infantil. “Acreditamos que só com a ajuda deles o projeto teria sucesso. Fomos nas quatro escolas e fizemos uma apresentação central da ETEC da cidade”, ressaltou Arthur.

2 – Divulgação nas escolas para alunos do 9° ano do Ensino Fundamental e 1° ao 3° do Ensino Médio. O objetivo era criar um coletivo de 10 a 15 alunos em cada território. Para isso, visitamos as quatro escolas, divulgando o tema e a metodologia para todos os alunos. A adesão foi voluntária.

3 – Formação desses coletivos de adolescentes. Iniciamos os encontros semanais de sensibilização quanto aos problemas do trabalho infantil no contraturno escolar, com atividades na própria escola, no CRAS e no centro da cidade.

4- Adolescentes, agora agentes multiplicadores do combate ao trabalho infantil, iniciaram a etapa de repassar todo o conhecimento adquirido. Tudo começou com os alunos mais novos, do Ensino Fundamental, dentro da própria escola, e depois para alunos de outra escola do território deles.

5 – Roda da Família, onde convidaram os pais e responsáveis para um café da manhã em cada um dos quatro CRAS. Nesse dia, os adolescentes puderam apresentar os aprendizados e pudemos explicar melhor a metodologia utilizada para os pais.

Reflexão

Ao longo do semestre, os alunos participaram de eventos, como o realizado no centro da cidade sobre o Dia de Combate ao Trabalho Infantil (12 de junho), onde os quatro coletivos independentes puderam interagir e realizar ações conjuntas.

Segundo Arthur, o maior desafio como educador foi passar um tema denso, de maneira lúdica, mas sem perder a profundidade. “Para isso utilizei de diversos recursos, audiovisuais e artísticos”.

“Como os encontros ocorriam nas escolas e os estudantes já passavam um período inteiro na escola, com as atividades tradicionais do ensino regular, foi preciso criar um ambiente diferente. Também precisei minimizar as rivalidades e torná-los verdadeiramente um coletivo unido em um objetivo comum.”

Além disso, também foram utilizadas músicas e filmes, com debates sobre o ciclo da pobreza, utilizando a história da música Marvin, dos Titãs. Foram promovidas discussões sobre as diversas possibilidades da vida do personagem, com a ajuda de um programa social de transferência de renda. Após assistir um episódio da série Merlí, onde um aluno abandona a escola para trabalhar, pudemos discutir a participação da família e  dos professores nos casos de evasão escolar.

Referência

Foi utilizada também uma linha do tempo do trabalho infantil, publicada na Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil, no formato de cordel, fazendo cartões. Cada fato marcante foi colocado em um cartão e pendurado em um varal de barbante, de forma que os alunos podiam visualizar todos os avanços conquistados na história sobre o tema.

Uma das atividades mais divertidas foi o jogo de perguntas e respostas que os alunos desenvolveram. Cada coletivo se dividiu em grupos, pesquisou o tema e, com as informações contidas no site da Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil, elaborou questões de múltipla escolha que deveriam fazer para os outros grupos. Foi colocada uma campainha de sino, que era acionada pelo primeiro grupo que tivesse a resposta.

Por fim, foram realizados podcasts. Cada coletivo escolheu um recorte sobre o trabalho infantil: doméstico, no comércio, na indústria e na construção civil. Assim como numa redação, fizeram reunião de pauta, definiram roteiro, lista de entrevistados e de perguntas.

Cada um colaborou naquilo que mais gostava de fazer, como escrever o roteiro, ir a campo realizar as entrevistas, produzir a trilha sonora ou fazer a narração para a gravação e a edição. Além das apresentações que realizamos, os podcasts serão divulgados nas redes oficiais da Prefeitura, nas escolas e órgãos públicos, para os responsáveis e familiares das crianças e adolescentes e para a comunidade no geral.

Ações como a realizada na cidade de Franco da Rocha reforçam os laços e criam sensibilização e ações de pertencimento para combater o trabalho infantil, além de diminuir a evasão a escolar.

E você querido gestor e educador, quais ações realizam na escola para combater o trabalho infantil? Conte aqui nos comentários e ajude a combater o trabalho infantil.

 

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