publicado dia 27/10/2017

Prêmio Peteca 2017: Criança é feita para brilhar!

por Juliana Castanha

WhatsappG+TwitterFacebookCurtir

27/10/2017|

Por

“Pai… nós vencemos, pai! Ficamos em primeiro lugar!”.

Em meio a cenários e figurinos já encaixotados, a menina de tranças dava a notícia por telefone. Da personagem que fez rir e chorar toda a plateia, no maior teatro público de Fortaleza, restara apenas a maquiagem a ressaltar sobrancelhas e bochechas. Vestia, ali, o papel da filha que compartilha uma conquista tão grande quanto o talento e a desenvoltura que esbanjou, no verdor dos seus oito anos de idade.

Nayelle Lima de Sousa foi protagonista do espetáculo A criança, o espelho e o Peteca, do grupo Farol Encantado. Os estudantes da rede pública do município litorâneo de Fortim alcançaram nota máxima em todos os quesitos. Unanimidade entre os jurados do Prêmio Peteca 2017. Agora vão representar o Ceará no Prêmio MPT na Escola, que reúne trabalhos de todo Brasil. Foi o desfecho de um processo criativo que teve início ainda em março, com envolvimento de toda comunidade escolar.

(Clique nas miniaturas para visualizar as fotos):

A premiação, no entanto, mais parece adereço diante da grandeza do propósito descrito nos versos da equipe de Morada Nova, 2º lugar na categoria poesia:

Jamais substituir o lápis/Nunca largar o caderno/Erradicar o trabalho infantil/ É meta do mundo moderno”.

A estrofe resume o papel da educação que liberta e transforma, como defendia Paulo Freire. “Eu declamei, no palco, mas a poesia… a mensagem que ela traz é de todas nós”, explicou Isabelle Temóteo. Braços agitados de quem acabara de experimentar, pela primeira vez, a adrenalina do tablado.

Bastidores

Pela brecha entre uma e outra camada de cortinas, na lateral do palco, Elaine Silva espiava a performance dos colegas de escola agrícola, em Tianguá. Ao lado do tio, professor de música, a aluna esperava o momento certo de cantar. Longe dos holofotes, ela brilhou ao interpretar a trilha sonora do esquete teatral Meu Livro Mágico.

O choro incontido veio só depois do abraço coletivo, na coxia. “Fiquei muito tensa, torcendo por eles. Ano que vem, a gente vai se separar, sabe? Cada um vai para uma turma diferente. Pensar nisso também dá vontade de chorar”, contou Elaine sem disfarçar a emoção. O espetáculo inovou não só por reunir elementos de musical, mas também por incorporar, ao elenco, um personagem deficiente físico.

(Clique nas miniaturas para visualizar as fotos):

A inclusão também inspirou o trabalho vencedor da categoria desenho, dos alunos José Mikael Silva e Myrella Pacheco, do município de Beberibe. “Tenho uma irmã de 11 anos que tem P.C.”, explica Myrella expressando, na sigla, familiaridade com a paralisia cerebral. A mãe, Ocileide, deixou de trabalhar para se dedicar à caçula. “Ela aparece no desenho, bem aqui. Eles lembraram dela, sabe? É uma emoção muito grande”, resumiu a dona de casa.

Juntos, público, jurados e profissionais envolvidos com a organização do festival se despediram ao som de “Pais e Filhos”, na voz dos cantores Marcos Lessa e Mel Mattos. Fizeram coro para cantar o essencial, nos versos de Renato Russo: “É preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã”.

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.