24/05/2019|
Por Bruna Ribeiro
Em parceria com o Instituto C&A, o Fundo Brasil anunciou as dez iniciativas selecionadas no edital “Combatendo o Trabalho Infantil na Indústria da Moda”. Cada uma receberá até R$ 90 mil para realizar atividades no prazo de até 12 meses.
De acordo com a organização, o Brasil é um dos maiores produtores têxteis do mundo: 98% do setor de confecção de vestuário é formado por pequenas e microempresas.
“A exploração do trabalho infantil é uma das grandes violações de direitos humanos ainda existentes no país. Tem impacto na saúde física e psicológica das crianças, além de ser considerada uma barreira para a educação infantil”, declara o Fundo Brasil.
Em agosto do ano passado, a Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil acompanhou com exclusividade uma operação contra o trabalho infantil que resgatou uma boliviana de 16 anos de uma confecção na zona leste de São Paulo.
Conheça as iniciativas selecionadas:
Avante Educação e Mobilização Social – PE
O projeto busca realizar um diagnóstico participativo do trabalho infantil e desenvolver formação em rede com diferentes atores públicos e da sociedade civil para fortalecer e articular as instituições integrantes do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente para uma atuação mais efetiva na prevenção e combate ao trabalho infantil na produção de confecções no município de Riacho das Almas (PE).
Aldeias Infantis SOS Brasil (SP)
O objetivo é qualificar as respostas institucionais e de proteção às famílias e comunidades, em especial crianças e adolescentes, impactadas pelo trabalho infantil na indústria da moda na Região do Polo Têxtil, especialmente em Campinas e Limeira. A iniciativa envolve três dimensões: setor público – incidência nas três esferas; comunidade – apoio a famílias, crianças e adolescentes e sensibilização da população; setor privado – formação In Company.
Cami – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (SP)
Em defesa dos direitos de crianças e adolescentes na cadeia têxtil, o projeto visa, por meio da gamificação (utilização de jogos lúdicos em dinâmicas) oferecer informações em linguagem fácil e acessível à população migrante presenta nas oficinas de costuras sobre exploração do trabalho infantil, legislação brasileira, direitos das mulheres, direitos das crianças e adolescentes, perigos presentes nas oficinas de costura e prevenção de acidentes.
Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favela (RJ)
O projeto propõe a criação de um grupo de jovens LGBT de favela para oficinas informativas sobre direitos trabalhistas, direitos das mulheres, prevenções e combate ao trabalho infantil com foco na indústria da moda. A proposta é que esses jovens atuem como multiplicadores das informações, com a perspectiva de minimizar o trabalho infantil, utilizando uma metodologia específica de prevenção e combate a violações de direitos.
Instituto UESCC (PE)
O projeto visa contribuir com o debate, a elaboração e a implementação de propostas que busquem combater e erradicar o trabalho infantil na indústria da moda do Agreste pernambucano. O objetivo é promover ações que favoreçam o enfrentamento do problema para elevar o bem estar social e o acesso à dignidade e melhorar o nível de sustentabilidade do setor. As propostas englobam a participação de atores diversos de instâncias locais e regionais para atuação conjunta.
Instituto Iddeia Cultura e Pesquisa (SP)
O objetivo é trabalhar a defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes na região do distrito de Brasilândia, mais especificamente no bairro Jardim Vista Alegre, com foco na prevenção, combate e erradicação do trabalho infantil, por meio de oficinas que tenham como temas: arte e moda; poéticas do corpo; esporte e cidadania e educação para a paz.
Rafael Diogo dos Santos (RS)
Casa de Cultura Hip Hop de Esteio é um espaço independente e inovador e que atende mensalmente quatro mil pessoas, oferecendo oficinas dos cinco elementos da cultura hip hop: DJ, MC, Grafite, Dança e Conhecimento. Oferece também coworking, bebeteca, estúdio musical, quatro poliesportiva e outros mecanismos de promoção ao trabalho decente, à convivência e formação cidadão.
Silvia Pinheiro (RJ)
O principal objetivo é a conscientização sobre a escravidão infantil na indústria têxtil na Comunidade do Cantagalo, no Rio de Janeiro. As ações de conscientização serão executadas por meio de oficinas de costura por um coletivo de mulheres que já possuem atividades e expressão local. Os objetivos das oficinas serão promover a cidadania e conhecimento sobre os direitos humanos fundamentais das mulheres e das crianças que delas dependem.
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Sorocaba e Região (SP)
A iniciativa propõe o diálogo junto à sociedade e aos trabalhadores sobre a importância do trabalho decente, com recorte na exploração do trabalho infantil na indústria da moda. Serão realizados debates e estratégias para o enfrentamento ao trabalho precário, em especial de costureiras em seus domicílios, com jornadas exaustivas que por diversas vezes utilizam os filhos menores para cumprirem as exigências das empresas que as subcontratam.
Wilbert Rivas (SP)
O projeto aborda o tema trabalho infantil por meio do engajamento de comunidades escolares que contam com a presença de famílias migrantes que trabalham na área da confecção têxtil. A iniciativa vai utilizar uma metodologia de estabelecimento de vínculos com pais, professores, técnicos e gestores de escolas através de oficinas sobre acesso a direitos sociais. O objetivo é a sensibilização sobre o tema a partir da integração das famílias na escolarização de seus filhos. O produto final inclui a realização de uma campanha.