06/05/2021|
Por Bruna Ribeiro
No dia 5 de maio, o projeto Criança Livre de Trabalho Infantil firmou uma parceria com a campanha Atletas Adolescentes, realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A partir da data, o projeto passa a compartilhar conteúdos de reflexão a respeito do trabalho infantil nos esportes, no site e nas redes sociais.
A campanha visa conscientizar atletas adolescentes, suas famílias, clubes, federações, comunidade esportiva e toda a sociedade sobre os direitos dos aspirantes a futuros atletas profissionais, demonstrando que adolescentes têm direitos fundamentais e que seu cumprimento não é um empecilho para o desenvolvimento, e sim o caminho para uma formação contínua, saudável e produtiva para todos e todas, especialmente atletas e clubes. O objetivo é evitar que os adolescentes e suas famílias sejam iludidos com ofertas abusivas e danosas aos atletas.
Para a procuradora do Trabalho no Distrito Federal e Coordenadora Nacional da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância), Ana Maria Villa Real, o esporte pode ser maravilhoso para as crianças e os adolescentes, desde que tenham os direitos respeitados.
Ainda segundo Ana, uma forma de proteger os atletas adolescentes é por meio da aprendizagem profissional, valorizando a educação. “Muitos pais projetam nos filhos o sonho de ser um Neymar, quando somente 1% desses atletas vai ser um jogador de fato profissional ou renomado. Os adolescentes se doam muito aos treinos físicos e acabam não se dedicando à educação”, disse a procuradora.
“Entre 14 e 16 anos, o adolescente deveria ser contratado como aprendiz. Os clubes podem investir na educação, como ensino de idiomas, e em outras qualificações profissionais dos adolescentes para que possam seguir diferentes caminhos se não estiverem mais atrelados ao futebol na vida adulta”, completou.
De acordo com Luísa Carvalho Rodrigues, procuradora do Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) e coordenadora do Grupo de Trabalho Atletas Adolescentes da Coordinfância, a pauta dos atletas adolescentes no futebol movimenta muito dinheiro e promove a glamourização do esporte como saída para a miséria.
“Os clubes formadores têm direito a uma porcentagem da transferência do atleta para o resto da vida profissional, mas nem sempre as regras são cumpridas durante a formação. Os projetos de lei, por exemplo, são sempre focados em enfraquecer os direitos de crianças e adolescentes, como transformar a educação do atleta em educação a distância (EAD) e baixar a idade mínima da categoria de base. Precisamos focar menos nos clubes e mais no direito do atleta adolescente”, defendeu.
Mensagens
A partir das mensagens veiculadas pela campanha Atletas Adolescentes, a intenção é promover mudanças de cultura e estruturais em prol de melhorias e transformações reais para esses atletas. Além disso, despertar novas visões entre os atores envolvidos em busca de novos comportamentos.
Direitos promovidos na campanha
- Respeito à idade, aos limites físicos e psicológicos de cada
um; - Acesso à formação de qualidade, com corpo técnico qualificado, acompanhamento médico e pedagógico;
- Treinos e competições que não atrapalhem os estudos ou a escola;
- Garantia de tempo para socialização e contato com a família, além do lazer;
- Estrutura de qualidade: alojamentos, moradia, alimentação e higiene;
- Transparência nas ofertas e contratações, com contrato justo;
- Proteção contra assédio moral e sexual