Quer um carro elétrico?
Saiba de onde vem parte
de seus componentes

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03/01/2017|

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Os carros elétricos são uma saída para a redução da poluição em todo o planeta. Movidos a energia renovável, não emitem gás-carbônico nem os nocivos óxidos de nitrogênio, não geram ruídos e ainda são de fácil manuseio.

Segundo a pesquisa New Energy Finance (BNEF), da empresa de tecnologia e dados para o mercado financeiro Bloomberg, as vendas globais de carros elétricos irão bater 41 milhões em 2040, representando 35% das vendas de veículos novos leves.

No entanto, uma questão envolvendo sua produção tem chamado a atenção da Anistia Internacional (AI): o trabalho infantil que existe na cadeia de produção desses veículos.

A pesquisa da AI para o relatório This Is What We Die For (É por isso que nós morremos), de 2016, indica que adultos e crianças a partir dos 7 anos trabalham em condições terríveis em áreas de mineração artesanal na República Democrática do Congo, na África, de onde é extraída mais da metade do cobalto do mundo. O cobalto é componente fundamental das baterias de lítio-íon usadas nos veículos elétricos, celulares e computadores.

(Crédito: Anistia Internacional/Reprodução)

(Crédito: Anistia Internacional/Reprodução)

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que há cerca de 40 mil crianças trabalhando em minas no sul do país. Além de ganharem um dólar por dia, esses trabalhadores estão em risco de sofrerem acidentes fatais e doenças pulmonares graves – o trabalho das crianças em minas constitui uma das piores formas de trabalho infantil.

A Anistia Internacional é um movimento global com mais de 7 milhões de apoiadores, que realiza ações e campanhas para que os direitos humanos internacionalmente reconhecidos sejam respeitados e protegidos. Está presente em mais de 150 países.

Fiscalização da cadeia produtiva

Segundo Lauren Armistead, uma das responsáveis pelo relatório da Anistia Internacional, os compradores desses produtos precisam estar cientes que esses carros podem estar relacionados com a miséria de trabalhadores infantis.

“Com essa investigação, quisemos mostrar que as grandes empresas, que ganham grandes lucros, ignoram o que acontece no começo da cadeia de produção e não fazem suficiente para informar de onde vem e em que condições seus produtos de alta tecnologia são feitos’’, afirma Lauren em entrevista à Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil.

(Crédito: Anistia Internacional/Reprodução)

(Crédito: Anistia Internacional/Reprodução)

A organização afirma que, sob as diretrizes internacionais estabelecidas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as empresas que usam o cobalto extraído de áreas de alto risco têm o dever de identificar como o cobalto é extraído, transportado, fabricado e vendido.

Lauren explica que as crianças entrevistadas durante a pesquisa trabalhavam recolhendo, separando, limpando, esmagando e transportando os minerais em péssimas condições e expostas a altos níveis de contaminação. Além da exploração monetária feita por adultos, essas crianças não iam à escola, e as que estudavam chegavam a trabalhar de 10 a 12 horas por dia, aos finais de semana e durante as férias.

O vídeo a seguir (em inglês) faz parte da pesquisa da Anistia Internacional:

Em busca de soluções

A pesquisadora explica o processo de investigação: “entrevistamos muitas crianças e adolescentes. Um deles, de 14 anos, havia trabalhado como mineiro por dois anos. Ele nos disse que, desde os 12, era comum trabalhar por 24 horas seguidas em minas subterrâneas. Conversamos também com outro de 9 anos que trabalhava desde os 7.’’

Para ela, a solução para o caso tem de incluir todos os atores envolvidos, como governos, empresas que compram o cobalto no Congo, e que deveriam se preocupar com a questão dos direitos humanos, e também as montadoras. “Mas a resposta não é simplesmente retirar as crianças das minas. É preciso que se garanta acesso à educação a todas elas’’, diz Lauren.

Saiba mais

Em setembro de 2016, o jornal americano The Washington Post publicou uma grande-reportagem sobre as minas de cobalto escavadas à mão por trabalhadores do Congo, principalmente por crianças. Clique e confira a matéria (em inglês).

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