Quando a poesia expõe a urgência de combater o trabalho infantil

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15/05/2017|

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“Selva de pedra, menino microscópico/O peito gela onde o bem é utópico/É o novo tópico meu bem/A vida nos trópicos/Não tá fácil pra ninguém/É o mundo nas costas e a dor nas custas.”

O menino microscópico dos versos acima, cantados pelo rapper Emicida na trilha da premiada animação “O Menino e o Mundo”, de 2013, revela a rotina de uma criança em situação de trabalho infantil.

De maneira direta, canção e filme são exemplos de como abordar um tema tão difícil de maneira sensível, a fim de mobilizar cada vez mais pessoas.

A eficácia dos versos no combate ao trabalho precoce pôde ser comprovada durante o Seminário “Seis temas à procura de Justiça: a poesia também pode inspirar a luta contra o trabalho infantil e a escravidão contemporânea”. A atividade fez parte da Festa Literária das Periferias (FLUP), realizada na sexta-feira e no sábado, no Museu de Arte do Rio de Janeiro.

Debate e mobilização

“Trazer à reflexão, por meio da arte, da produção literária, temas como o trabalho infantil e escravo significa dar visibilidade a situações perversas de violações de direitos, que ocorrem desde a formação histórica e persistem nos dias atuais, embora com diferentes contornos”, afirmou a procuradora Elisiane Santos, do MPT-SP, uma das organizadoras do seminário.

Realizada desde 2012, a FLUP contou pela primeira vez com a parceria do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ). Esta 6ª edição segue com atividades até o final de dezembro, e estimula o diálogo com outros movimentos ligados aos direitos humanos.

“Por conta disso, todas as nossas ações estão pensando, propondo e provocando grandes mudanças sociais”, afirmou Julio Ludemir, coordenador da FLUP, em reportagem da Agência Brasil.

FLUP Rio de Janeiro 2017 (Crédito: Divulgação)

Elisiane Santos (à esquerda) e demais convidados do Seminário da FLUP Rio de Janeiro 2017 (Crédito: Divulgação)

Trabalho infantil em pauta

A partir do seminário e da formação inicial sobre a urgência de combater o trabalho infantil, encontros semanais estão planejados no Morro da Mangueira a fim de incentivar os jovens poetas das comunidades. Entre os nomes confirmados para as oficinas, estão Sergio Vaz, Ricardo Aleixo, Elisa Lucinda e Marcelo Yuka. (Acompanhe as atualizações no Facebook da FLUP.)

A iniciativa também pretende levar às escolas a produção de poesias, fortalecendo a participação dos jovens e interessados no concurso ll Slam Colegial, durante a FLUP Pensa, com inscrições abertas no site. Mais informações pelo e-mail [email protected].

“Esperamos seguir no projeto de interação dos temas relacionados ao mundo do trabalho com a literatura, envolvendo discussão e produção literária, que traduzem a voz das populações mais vulneráveis, a construção de consciência crítica e a cidadania”, afirma a procuradora.

Acesse já! Todos os participantes do seminário receberam a edição impressa do projeto “O Verso dos Trabalhadores”, que reúne Mia Couto, Marcelo Rubens Paiva e Milton Hatoum, entre outros escritores, retratando a questão do trabalho. A publicação está disponível online.

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