18/07/2018|
Por Redação
A vitória da França não foi o único desfecho da Copa do Mundo da Rússia. Entre 12 de junho e 15 de julho, orientadores socioeducativos da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo distribuíram pela cidade 960 cartazes e 15 mil flyers da Campanha Copa sem Trabalho infantil. Além disso, ações online deram visibilidade nas redes sociais ao tema durante o mundial.
A iniciativa procurou conscientizar a população sobre o comércio ambulante realizado por crianças e jovens, especialmente em bares e restaurantes. Tinha também o objetivo de facilitar a identificação das vítimas da exploração do trabalho infantil para o atendimento por programas sociais. E o balanço da campanha foi bastante positivo, na avaliação de donos de bares e clientes.
“Antigamente, nós pedíamos para as crianças não venderem balas aqui e os clientes achavam ruim. Achavam que estariam deixando de ajudar a criança ao não comprar seu produto. Hoje, com a campanha, os clientes estão conscientes de que, se deixar a criança trabalhar, aí sim a estará prejudicando”, diz Humberto, responsável pelo Bar Pasquim, na região de Pinheiros.
A campanha “Copa Sem Trabalho Infantil” foi desenvolvida pela ONG Cidade Escola Aprendiz, por meio da plataforma Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil. Participaram ainda da iniciativa a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo (Smads), a empresa de transporte Cabify e a Sociedade Amigos de Vila Madalena (Savima).
Comércio ambulante nos bares
Frequentador dos bares do Jardim Ângela, o marceneiro Franscisco Alves, de 53 anos, contou que não sabia como agir ao presenciar casos de trabalho infantil, mas pretende mudar seus hábitos após a campanha. “A gente vê direto os meninos mais novos pegando ônibus para vender bala, vender paninho em outros bairros. Eu mesmo já dei dinheiro. Vou tentar ligar para Prefeitura da próxima vez”.
A campanha de conscientização se baseou em ações nas redes sociais e em outras medidas in loco, focando três públicos principais: potenciais clientes que costumam visitar regiões da cidade onde existe grande incidência de trabalho infantil, frequentadores de bares e restaurantes, donos dos estabelecimentos e seus funcionários.
“As regiões boêmias atraem crianças e adolescentes das áreas mais socialmente vulneráveis da capital e até de cidades vizinhas”, diz Roberta Tasselli, gestora de Comunicação para o Desenvolvimento da Cidade Escola Aprendiz.
Desfazendo mitos do trabalho infantil
Os materiais promocionais utilizados na ação enfatizaram as consequências do trabalho infantil e divulgou os canais de comunicação para o atendimento dos jovens pela prefeitura de São Paulo: o telefone 156 e o site SP 156. Para facilitar a participação, foi utilizado inclusive um QR Code nos flyers e cartazes, com direcionamento para o campo de notificação de trabalho Infantil no site.
Após a sensibilização durante a Copa, estão sendo distribuídas agora cartilhas esclarecendo os principais mitos relacionados ao trabalho infantil. O intuito, segundo os idealizadores da campanha, é de manter a mobilização de clientes e proprietários de bares para que notifiquem os casos de crianças trabalhando.
“Culturalmente, o trabalho infantil ainda é bem aceito por grande parte dos brasileiros. Campanhas de comunicação como a Copa Sem Trabalho Infantil são de fundamental importância para esclarecermos a gravidade do problema e, assim, fortalecer o processo de erradicação”, diz Tasselli.