Projeto de SP contrata mães para buscarem estudantes fora da escola

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20/07/2022|

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Com o retorno das aulas presenciais durante a pandemia do coronavírus, a volta dos alunos às escolas se tornou um desafio para muitos municípios. Em São Paulo, o Programa Operação Trabalho – POT Busca Ativa, realizado pela Secretaria Municipal de Educação, apresentou uma nova forma de buscar crianças e adolescentes fora da escola, contratando mães da própria rede – também muito impactadas pela crise sanitária e econômica.

Yasmin Santos é uma delas. Quando chega nas casas, relata que também é mãe e tem duas crianças na escola. Diz que quer ajudar os filhos de outras famílias a voltarem para a escola e recebe, com isso, mais abertura, pois “as outras mães se sentem abraçadas”, diz Yasmin.

A iniciativa teve início no final de setembro de 2021. Entre fevereiro e abril de 2022, já recuperou 1270 estudantes que estavam fora da escola, dentre os mais de 1800 que foram identificados como evadidos no ano passado.

O Programa é responsável por efetuar a matrícula e também acompanhar os estudantes para garantir a permanência na escola, a partir da prevenção.

“Nas conversas, tento mostrar que a educação é importante, que o conhecimento é a única coisa que ninguém tira da gente. E as famílias percebem que estamos ali para ajudar e não estamos olhando as crianças como só mais um número. O tratamento humano é fundamental”, comenta Elenice Soares das Neves, mãe e agente de busca ativa escolar do programa.

Como funciona

+ Todo o processo tem início com uma relação de estudantes que não estão frequentando as aulas que as escolas encaminham para o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem (NAAPA), ligado à Secretaria Municipal de Educação.

+ As mães partem em busca dessas famílias e dialogam com elas para compreender a situação e como podem apoiar as crianças e adolescentes a voltarem a estudar.

+ Elas fazem um relatório e enviam para o NAAPA, que é responsável por acompanhar se o estudante retornou à escola, se continua frequentando as aulas, como está sua aprendizagem e acionar a rede intersetorial de apoio se necessário.

Geração de renda para mulheres

Além de realizar a busca ativa escolar, a iniciativa tem o objetivo de gerar renda para mães  de estudantes da rede municipal desempregadas e reinserir essas mulheres no mercado de trabalho formal. Yasmin, por exemplo, tem uma empresa de doces, mas conta que a atividade não estava ajudando muito na renda.

A decisão veio da constatação de que as escolas não possuem funcionários suficientes para realizar esse trabalho. “Pensamos em contratar e formar mães porque elas sofreram muito na pandemia com perda de renda e tendo famílias para sustentar“, explica Sueli Landim, do Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem (NAAPA).

Para isso, as agentes de busca ativa escolar recebem seis horas de formação todos os meses em cursos que elas podem escolher no Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (CATE), como estética, informática e panificação.

Conheça o projeto Aluno Presente

Assim como o POT, o projeto Aluno Presente, da Cidade Escola Aprendiz, apresenta uma metodologia de busca-ativa de crianças e adolescentes fora da escola. O projeto faz parte do programa internacional “Educate a Child”, da Fundação “Education Above All” (Qatar), presente em 38 países, uma iniciativa global lançada pela Sheika Moza bint Nasser do Qatar, que visa reduzir significativamente o número de crianças pelo mundo que estão fora da escola. No Brasil, é realizado pela Associação Cidade Escola Aprendiz em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Conheça a metodologia neste link.

De acordo com informações do projeto, hoje fazem parte do programa 46 mães e a rotatividade é alta, porque muitas delas são chamadas para trabalhar em outros lugares após fazer um curso.

A busca ativa escolar ocorre no mesmo período em que os filhos estão na escola, favorecendo a conciliação com o trabalho doméstico. Sueli conta que ainda é preciso avançar no programa.

As agentes de busca ativa realizam todo o trabalho a pé, respeitando o limite de dois quilômetros por dia estipulado pela legislação, mas seria importante que elas tivessem algum tipo de transporte, “tanto por condições melhores de trabalho, quanto porque elas conseguiriam, literalmente, ir mais longe”, diz Sueli.

Programa Operação Trabalho – POT Busca Ativa é realizado pela Secretaria Municipal de Educação, por meio do Programa de Combate à Evasão Escolar e com coordenação do Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem (NAAPA), e conta com a parceria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, do Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo, do Unicef – Fundo das Nações Unidas pela Infância, da Undime – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, do Congemas – Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social, do Conasems – Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e do Instituto Liberta.

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