publicado dia 10/05/2018
10/05/2018|
Por Redação
Por Lucas Sangaletti Ansiliero e Thiago Silva dos Santos
Participando dos espaços sociais, eu tenho uma noção maior sobre meus direitos e sobre meus deveres. E isso me faz sentir mais seguro como adolescente. A relação com inúmeros adolescentes de diferentes regiões me traz uma experiência que eu aplico no meu município, incentivando assim cada vez mais os jovens a participarem na comunidade e a serem protagonistas de suas próprias histórias.
Mas por que tornar um adolescente protagonista? Porque eles são elementos centrais de todas as fases do processo educativo, e é preciso estimular a sua participação nas comunidades.
Na sociedade em que vivemos, milhares de crianças e adolescentes não têm conhecimento sobre onde e como participar da vida pública. Muitas vezes os próprios representantes dessa população, que deveriam defender os seus direitos, acabam dificultando participação social desses jovens cidadãos, em vez de facilitá-la. A falta de aplicação de políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes nas comunidades tem o mesmo efeito.
Quando falamos de crianças e adolescentes, não devemos pensar nem no passado, nem no futuro. Temos que pensar no presente, na atual situação social. Dar a oportunidade de voz e vez é colaborar para seu desenvolvimento educacional, criando um ambiente mais seguro para que essas pessoas coloquem em prática seu potencial.
Há muitos adolescentes cheios de habilidades e energia para lutar pelos próprios direitos, mas que não tiveram a oportunidade. Por isso convidei um amigo que não tem histórico de participação, mas que topou escrever essa coluna comigo.
Lucas Sangaletti Ansiliero tem 17 anos e mora na cidade de Iomerê, em Santa Catarina. Ele estuda publicidade e propaganda na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) e vai falar um pouco sobre não ter tido os seus direitos garantidos.
Com a palavra, Lucas
Ter o direito de expressar nossas ideias e pensamentos é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade democrática, que se preocupa em ouvir as opiniões de todos. Por isso, precisamos refletir sobre a importância do comprometimento e do envolvimento dos jovens na construção da educação e do mundo.
Com as novas concepções culturais, sociais e políticas que surgem rapidamente, com o auxílio e a praticidade da tecnologia, nós jovens provocamos na sociedade diversas reflexões sobre os desafios do presente, caminhos e soluções para o futuro, propondo diferentes formas de ver, entender e se relacionar.
Por meio da juventude, cria-se um novo caminho para a construção do espaço público. Jovens se expressam através da arte, do entretenimento, da cultura, possibilitando e incentivando a participação. Criando coisas que antes se acreditava não serem possíveis. Fazendo a diferença não só para a sociedade, mas para nós mesmos.
A participação passa pelo conhecimento – não participamos do que não sabemos. Portanto, nós jovens devemos nos informar, estudar e tomar conhecimento sobre os assuntos que norteiam a sociedade, para que possamos nos posicionar perante as diversas questões que surgem diariamente.
Quando percebemos que nossa voz está sendo ouvida, começamos a querer falar, compartilhar nossas experiências, expressar as ideias, manifestar as opiniões. Nós jovens que participamos de encontros, debates e projetos em comunidade, precisamos e queremos ser ouvidos, pois só assim seremos respeitados.
Uma educação de participação é o que nos falta. Mas escutar e compreender as necessidades e os desejos da juventude não costuma ser a proposta da maioria das instituições políticas e sociais, que não fomentam nos jovens a participação nas discussões e decisões.
Nossa participação social pode se transformar em uma grande ampliação das possibilidades de acesso. Pode levar desenvolvimento e socialização a todos que não possuem a oportunidade, mas que têm o desejo de contribuir e participar ativamente.
Os desafios da juventude em conseguir se incluir e participar de diversos movimentos, desenvolver temas e discussões, intensifica-se diante das profundas desigualdades e preconceitos existentes no país. Muitos jovens desconfiam ou desacreditam de nossos direitos e, frequentemente, desistem de lutar por eles.
Por isso, além de buscar o reconhecimento de nossos direitos básicos no âmbito das políticas públicas, educação, emprego, saúde e lazer, enfrentamos diariamente problemas de criminalização, altos índices de violência e vulnerabilidade social. Portanto, devemos estar dispostos a desencadear mudanças na sociedade.
Nós jovens, temos um grande potencial, que é pouco explorado, pouco conhecido. Somos os que mais desejam participar, se engajar em causas, mesmo com grandes obstáculos para nossa participação. Queremos estar presentes em decisões que nos dizem respeito, lançando nossa voz na vida pública, reivindicando nossos direitos à participação democrática.
Esta coluna nos orienta a rever nossa visão sobre as crianças e os adolescentes. Como o Lucas, muitos adolescentes têm sabedoria e condições de se expressar, de falar por si mesmos, mas não têm esse espaço de participação assegurado.
Por isso, precisamos das políticas públicas garantidas dentro dos munícipios, para, assim, não termos nossos direitos negados. Falar que temos direito de participar não basta. É preciso dar oportunidades de fala, de participação efetiva nos espaços de discussão e deliberação de assuntos de nosso interesse e do interesse da comunidade.