01/03/2019|
Por Redação
Fotos: Tiago Queiroz
Na chuvosa manhã desta quinta (28), mais de mil crianças e adolescentes se reuniram no Grito de Carnaval contra a exploração sexual infantil, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. O evento foi organizado pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), em parceria com a Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (CMESCA) e a Rede Peteca.
Nem mesmo a forte chuva foi capaz de abalar o ânimo de meninas e meninos atendidos pelos serviços de assistência social de todas as regiões de São Paulo. Eles chegaram a partir das 9h, acompanhados pelos técnicos.
O clima era de festa e o evento simbolizou a grande confraternização de um trabalho que vem sendo desenvolvido a respeito da importância do combate ao abuso e exploração sexual. Para celebrar, os participantes realizaram apresentações culturais em diversas modalidades, como hip hop, street dance, capoeira, maracatu e bateria. O DJ Valter Nu completou a festa.
Desde o início do ano, em oficinas lúdicas, educadores abordam o tema nos Centros para Crianças e Adolescentes (CCA), onde são realizadas atividades no contraturno escolar. Os dizeres de cartazes produzidos por eles mesmos chamavam atenção, como por exemplo: “Depois do não, é tudo assédio” e “A graça é se vestir como quiser e respeitar quem vier.”
*João Henrique, 11 anos, frequenta o CCA Rogacionista São Lucas, na Água Branca, Zona Oeste da cidade. “Conversamos bastante sobre como nos proteger e não deixar que ninguém toque nosso corpo de um jeito diferente”, disse.
*Laura Coelho e Marina Souza, ambas de 9 anos, compartilham o mesmo pensamento de João Henrique. Elas são atendidas pelo CCA Esperança, no Cambuci, na região central. As meninas já sabem também que exploração sexual é crime.
A assistente técnica Mayra Joia, do CCA Veronia, em Ermelino Matarazzo, na Zona Leste, ressalta a importância da conscientização de crianças e adolescentes sobre o assunto, durante o ano inteiro.
“Fazemos um trabalho com as famílias e as vezes chegamos a descobrir casos, a partir da percepção das atividades que passamos. É muito importante abordar o tema, para que eles entendam que se trata de uma violência. O evento é um momento incrível de consolidação disso tudo. É também a primeira oportunidade de muitos conhecerem o centro da cidade”, diz Mayra.
Campanha Escolha Ver
O evento foi o lançamento da campanha “Escolha Ver: Exploração Sexual é Crime”, mas não se encerra por aqui. Durante o Carnaval, serão distribuídos materiais de conscientização contra o trabalho infantil nos blocos, com o mesmo mote: “Escolha Ver: Trabalho Infantil é proibido”.
Durante o evento, o Secretário da SMADS José Castro ressaltou a importância do combate à exploração sexual durante o Carnaval. “Hoje temos a missão de fazer muito barulho e chamar a atenção dessa cidade, para que todos escolham ver.”
Felipe Tau, representante da Rede Peteca e articulador social do Projeto Chega de Trabalho Infantil, convidou a sociedade a combater a exploração sexual de crianças e adolescentes. “É uma violação gravíssima, que precisa do olhar de todos. São 500 mil crianças e adolescentes vítimas todos os anos. Escolham ver e não vamos aceitar que isso continue acontecendo de maneira alguma no Brasil.”
O coordenador da proteção social especial da SMADS, Nelson Alda Filho, ressaltou que a exploração sexual é uma das piores formas de trabalho infantil. Por isso, a campanha contou com a articulação da Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (CMESCA) e da Comissão Municipal de Enfrentamento ao Trabalho Infantil (CMETI), visando a proteção das famílias, a ampliação das relações de convívio e sociabilidade e a redução de danos.
Roberto Arantes, subprefeito da Sé, representou o prefeito Bruno Covas. “É muito importante lutar contra a exploração de crianças e adolescentes. Já temos um Carnaval enorme, considerado o maior do Brasil. Precisamos gritar e brigar contra essa violência. Disque 156”, convida o subprefeito.
*Os nomes das crianças são fictícios a fim de preservar a identidade.