Organização oferece cursos para jovens visando inserção ao mercado de trabalho

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08/11/2019|

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Dos 2,4 milhões de crianças e adolescentes explorados pelo trabalho infantil no Brasil, mais de 70% têm entre 14 e 17 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE).

Além disso, 3,9 milhões de jovens estão desempregados no país, também segundo dados do IBGE. O trabalho infantil gera a evasão escolar e dificulta o acesso ao mercado de trabalho formal na vida adulta.

Visando combater a difícil realidade, desde 1998, o Instituto da Oportunidade Social (IOS) atua na formação e empregabilidade de jovens da rede pública e pessoas com deficiência, por meio de cursos gratuitos de administração e tecnologia da informação (TI), em 13 unidades pelo Brasil.

A Rede Peteca conversou com Kelly Lopes, superintendente da organização, a respeito da importância da formação profissional na erradicação do trabalho infantil e na inclusão produtiva. Confira trechos da entrevista:

Superintendente Kelly Lopes. Crédito: Divulgação

Como é o trabalho do IOS?

O Instituto da Oportunidade Social tem 21 anos de existência e é mantido por empresas privadas, tendo a Totvs como maior mantenedora. A nossa missão é a inclusão dos jovens no mercado de trabalho.

Para isso realizamos diversos programas de formação profissional, em administração de empresas e em tecnologia da informação (TI), visando oportunidades de empregabilidade formal, como vagas de aprendiz, estágio e efetivo.

Trabalhamos com jovens na faixa etária de 15 a 29 anos de idade, que estejam cursando ou tenham concluído o Ensino Médio na rede pública de ensino. Sempre privilegiamos o jovem com maior vulnerabilidade social.

O primeiro indicador é ser estudante da rede pública e depois fazemos uma análise psicossocial da família. As vezes recebemos jovens que estão fora da escola e conseguimos conversar com a família para que ele retorne, falando a respeito da importância dos estudos.

Nossos cursos são semestrais, com duração de cinco meses. As aulas são de segunda a  sexta, três horas e meia por dia – totalizando uma carga horária média de 300 a 320 horas por semestre. Durante os seis meses, realizamos três reuniões de pais.

Como é essa relação com a família?

Logo no início do curso, fazemos uma reunião para trazer experiências de ex-alunos, para gerar credibilidade e mostrar o quanto a vida dos jovens pode se transformar, pois as vezes a própria família incentiva que o adolescente deixe o curso para vender bala no farol ou trabalhar na obra, por exemplo.

Por isso mostramos as oportunidades reais e incentivamos que a família invista no jovem junto com a gente, visando também a erradicação do trabalho infantil. O curso e os uniformes são totalmente gratuitos e aquelas em maior vulnerabilidade recebem também o vale-transporte.

Sempre mantemos um canal aberto com a família, pela nossa equipe psicossocial. No caso das meninas, muitas vezes as mães arrumam um bico e elas se tornam responsáveis pelos irmãos mais novos. Nesses casos de trabalho infantil doméstico, buscamos um apoio em rede, conectando creches próximas, para que a jovem não deixe o curso.

Por isso é muito importante envolver a família. De dez jovens que tentam evadir, sempre conseguimos revertes de cinco a seis.

E depois da formatura, como acontece a inserção ao mercado?

Trabalhamos com uma rede relacionamento com diversas empresas. Além disso, temos uma equipe de relações institucionais, que realiza a busca ativa de vagas. Os nosso patrocinadores, que são da área de tecnologia, também compartilham contatos de possíveis empregadores conosco.

Sempre mostramos às empresas que é conveniente receber um jovem que já está qualificado, dentro do perfil da vaga. Sempre indicamos também candidatos que morem perto do emprego, na intenção de conciliar estudo e trabalho. Portanto, contratar um aluno nosso também gera valor para a empresa.

E quantas vagas são abertas ao ano?

Nós abrimos 2.300 vagas ao ano, em 13 unidades de atendimento. Estamos em São Paulo, Barueri, Diadema, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Joinville. Ao todo, já incluímos 1.215 alunos no mercado de trabalho em 123 empresas.

Nós temos parcerias com diversas universidades com espaços ociosos, onde realizamos os cursos. Queremos quebrar o paradigma da escola do pobre e da escola do rico. Além disso, incentivamos que os jovens vão para a universidade após o curso.

Desde 2018, estamos desenvolvendo parcerias com faculdade, que oferecem bolsa de estudos para o primeiro semestre, como a Anhanguera Educacional, em São Paulo. Nós indicamos os jovens, eles prestam vestibular e entram no curso.

Pagamos o vale transporte durante este primeiro período e nos comprometemos na missão de empregar os alunos em seis meses para que eles continuem cursando. Atualmente temos 57 jovens na faculdade.

 

 

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