05/07/2017|
12 de junho é o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, mas as atividades e debates sobre o tema não se restringem à data, tampouco ao mês. Cada vez mais, os educadores levam o assunto para a sala de aula.
Em Potirendaba, município de pouco mais de 15 mil habitantes, localizado no estado de São Paulo, a maneira de abordar a gravidade do trabalho precoce (que atinge 2,6 milhões de crianças e adolescentes em todo o Brasil), foi criar um roteiro de teatro. E os autores/estudantes encenaram a própria peça.
Orientados por Jonas Thomeu, coordenador do Projeto Guri nos polos de Ibirá e Potirendaba, a turma organizou, com a ajuda dos profissionais do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), a ação que mobilizou crianças e jovens.
Na região, o Guri atende a crianças e jovens com idade entre 8 e 18 anos, e oferece cursos de violão e percussão no contraturno escolar.
Processo de criação
Contando com mais de 60 crianças e jovens, o espaço do Polo Guri em Potirendaba, no dia 14 de junho, serviu de palco para um teatro consciente. “Decidimos trazer à tona o debate sobre a vida dessas crianças que trabalham para sustentar a casa e que também são exploradas por terceiros, pois estão vulneráveis e, muitas vezes, desamparadas nas ruas”, explica Jonas Thomeu.
O teatro, elaborado pelos próprios alunos, tinha como base os conhecimentos dos meninos e meninas sobre o que é o trabalho infantil. Durante as cenas abordadas, apareceram o trabalho doméstico e o trabalho em lanchonetes e feiras.
“Eles entendem bem sobre o tema. Sabem que é errado criança trabalhar. Sabem também que muitas vezes, quase sempre, isso está ligado com a questão de ajudar dentro de casa, de levar sustento para o próprio lar. Com base nessas realidades, nós procuramos levar mais informações para que eles pudessem elaborar algo bacana”, conta o coordenador.
Ação em rede
A tarde inteira de teatro no Polo Guri contou, ainda, com a presença de uma psicóloga e uma assistente social, que ilustraram de forma lúdica e colorida os malefícios do trabalho precoce. “Eu senti que eles gostaram bastante. Apesar de ser uma situação difícil, triste, conseguimos agregar com a reflexão de um assunto tão urgente e também divertir e estimular a participação”, complementa.
Jonas reforça a importância de sempre pensar em novas atividades para afastar as crianças das ruas e das situações que possam colaborar para o aumento do trabalho precoce.
“Aqui [no Projeto Guri] nós oferecemos cursos de música e a prefeitura oferece cursos extras no contraturno escolar, como ballet, informática, esportes. O foco é ocupar a mente e dar possibilidades gratuitas”, ressalta o educador.