publicado dia 30/03/2017

Terapeuta ocupacional

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30/03/2017|

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Promover a independência. Essa é a missão do terapeuta ocupacional, um profissional de curso superior que acompanha pessoas com dificuldades em realizar atividades do cotidiano, como trabalho, estudo e lazer. Para crianças e adolescentes em contexto de vulnerabilidade social, essa terapia é essencial.

Segundo a terapeuta ocupacional Celina Camargo Bartalotti, de 56 anos, o paciente pode apresentar alguma alteração física, cognitiva, social e até mesmo o envelhecimento. “São várias questões que vão acometendo as pessoas ao longo da vida e se tornam obstáculos para elas realizarem suas atividades”, explica.

Ainda pouco conhecida, a profissão foi regulamentada no Brasil em 1969. A primeira Associação de Terapia Ocupacional foi criada nos Estados Unidos, em 1917. Geralmente, os pacientes chegam ao profissional por indicação do médico, serviço social ou escolas, embora já exista demanda espontânea proveniente da sociedade.

Durante as sessões de terapia, as atividades práticas são priorizadas. “Não é uma terapia verbal. É a terapia focada no fazer”, explica Celina. Para a terapeuta, o tratamento é essencial para crianças em estado de vulnerabilidade social, pois é preciso observar o contexto social da vida do paciente, como a escola e a família.

No caso das crianças, a ideia é conseguir resgatar ou fortalecer o sentido da infância – o brincar, imaginar e o aprender – além de proteger de violações, como o trabalho infantil. “Como vamos trabalhar para que elas possam resgatar o que é próprio desta época da vida?”, questiona Celina.

Para responder a pergunta, ela conta com a rede de apoio do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), em um trabalho intersetorial. “Pensamos no resgate da saúde em um conceito mais amplo. Muitas vezes trabalhamos em parceria com a escola, fazendo adaptação de material e orientando atividades, proporcionando uma condição social mais propícia ao desenvolvimento desejável.”

Criança brinca com jogo educativo

Crédito: Shutterstock

No caso dos adolescentes, o terapeuta ocupacional sempre busca trabalhar um projeto de futuro. “É uma fase de transição. Muitos adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social não conseguem construir um projeto de futuro, desconhecendo seus próprios sonhos e o que precisariam fazer para realiza-los.”

A partir de um processo de autoconhecimento e do conhecimento do território onde vive, o adolescente é convidado a pensar em caminhos. Durante as consultas, paciente e terapeuta podem inclusive sair a campo, buscando atividades, cursos e oportunidades de trabalho que o jovem gostaria de realizar.

De acordo com Celina, muitas vezes o adolescente entende que o território não é construtivo para ele, mas não percebe que existem outros espaços construtivos. Embora o adolescente possa não atingir imediatamente um sonho, ele pode abrir espaço e criar projetos para o futuro. “Até onde o adolescente compreende que sua vida é uma escolha ou uma falta de escolha? Se você não conhece as opções, não pode escolher. Por isso vivenciamos os territórios com os pacientes. Nosso trabalho implica na aproximação com a realidade do sujeito”.

“A terapia ocupacional tem um olhar importante para a construção do cotidiano”

Celina Camargo. Crédito: Arquivo Pessoal

Celina Camargo. Crédito: Arquivo Pessoal

Formada em 1985 pela Universidade de São Paulo (USP), Celina sempre trabalhou com crianças e adolescentes. Fez mestrado e doutorado em Psicologia da Educação e começou a lecionar no Centro Universitário São Camilo, em 1999. Na mesma instituição, foi coordenadora do curso de Terapia Ocupacional e desde outubro do ano passado está na assessoria da reitoria.

Apaixonada pela profissão, Celina acredita que a terapia ocupacional tem um olhar importante para a construção do cotidiano a partir das atividades que cada pessoa escolhe para a vida. “Quando falamos de crianças, tudo fica ainda mais complexo, pois é preciso tratar a família. Muitas vezes, quando os pais não são protegidos, eles não têm condições de proteger seus filhos.”

 

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