Projeto incentiva raciocínio crítico, educação antirracista e fortalecimento da autoestima para combater exclusão escolar

WhatsappG+TwitterFacebookCurtir

03/06/2022|

Por

A investigação da história é uma forma de compreendermos o passado e como o ser humano construiu o seu tempo. Além disso, nos possibilita entender melhor o presente e preparar o futuro.

Foi assim que surgiu o projeto História Presente, do Instituto Lima Barreto, visando trazer a noção de que a história é uma ciência presente no cotidiano de todos os indivíduos e reforçando a ideia de que o passado lança luz em questões do tempo presente e vice-versa.

A palavra “presente” também remete à típica resposta dos estudantes nas chamadas de frequência na escola. É justamente a presença que a iniciativa busca, no combate à exclusão escolar.

História Presente oferece oficinas de história em escolas públicas estaduais e municipais no Estado do Rio de Janeiro, no horário do contraturno, para alunos do 9° ano do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio, prioritariamente do 1° ano.

Os objetivos são incentivar o interesse dos estudantes pela história, o raciocínio crítico a partir de pesquisa e debates e o ingresso em instituições de ensino de excelência; auxiliar na criação de uma cultura de planejamento de projeto de vida entre os estudantes, contribuindo para que reconheçam e desenvolvam suas habilidades e apoiar o combate aos efeitos da pandemia a partir do valor transversal do ensino de história, contribuindo para a manutenção dos alunos no espaço escolar e evitando a evasão.

Crédito: Divulgação / Instituto Lima Barreto

Segundo Luana Leão, assessora da diretoria do Instituto Lima Barreto, o projeto tem como missão impulsionar, por meio das oficinas de História, a mobilidade social entre adolescentes do Ensino Básico da rede pública do estado do Rio de Janeiro.

“Trabalhamos a aprendizagem da história, mas também a ideia do projeto de vida. Incentivamos a cultura de planejamento, pois vemos que isso ainda é muito fraco nas escolas públicas do Rio de Janeiro. Os alunos ficam engajados com o projeto e a adesão aumenta muito”, explica.

Exclusão escolar e trabalho infantil

Ainda de acordo com Luana, a evasão escolar acontece primeiramente porque o aluno precisa trabalhar para ajudar em casa com alguma renda. “O aluno escolhe trabalhar em vez de estudar. Além disso, há uma crescente desmotivação com o espaço escolar. A iniciativa engaja o estudante para que ele frequente a escola por interesse próprio e não por obrigação”, diz.

Metodologia

Por meio de oficinas de adesão livre e voluntária, o projeto trata de temas históricos, conduzidos pelos recortes racial e de gênero, pela história local e de vida dos alunos. As oficinas são conduzidas a partir dos questionamentos dos estudantes, tendo-os como centrais na construção do conhecimento.

“Não é uma história que vem de cima para baixo, pelo contrário. A gente aborda contexto geral por meio das experiências dos alunos. Nós sempre brincamos que eles precisam falar mais que os professores. A metodologia tem o estudante de fato como o agente. Quando o adolescente sente que é ouvido e tem voz, ele se interessa muito mais pelo processo de aprendizagem“, explica Luana.

Além disso, o uso de metodologias ativas, de material pedagógico personalizado, de debates e atividades interativas é base do funcionamento da iniciativa. São promovidas também excursões com os alunos para explorar e melhor compreender a história local. O projeto conta com parcerias com o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), que apoia na elaboração de roteiros educativos.

“Observamos que muitos alunos conhecem p0uco da cidade e não saem dos bairros onde moram. Por meio das excursões, queremos mostrar que a história não está somente nos livros, mas em nosso cotidiano e ao nosso redor.”

“Queremos somar esforços às escolas, que já fazem um importante trabalho. Por meio desta parceria, podemos ajudar no combate à evasão escolar, fortalecer o pensamento crítico e auxiliar os estudantes a realizar suas escolhas de forma consciente”, completa Luana

Educação Antirracista

Durante as oficinas, são abordados diversos temas visando promover a educação antirracista, como “a escravidão no Brasil e a colonização: contexto, resistências e
permanências” e “O 13 de Maio sob outra perspectiva: permanências, vivências e histórias do processo abolicionista.”

Segundo Nilson Oliveira, cofundador e diretor geral do Instituto Lima Barreto, a seleção dos professores do projeto prioriza profissionais negros, mulheres e que tenham estudado na escola pública.

“A gente opera em escolas de periferia, em locais mais vulneráveis. O fato dos alunos e dos professores serem negros é bastante representativo. Gostamos de expor situações que permitem que os alunos façam melhores escolhas ou pelo menos tenham a noção que há escolhas. Os professores acreditarem nos alunos é um fator fundamental de combate à evasão escolar”, diz Nilson.

O ensino antirracista, pautado na Lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira, é um dos mecanismo importantes para ajudar a reduzir a exclusão escolar e evitar o trabalho infantil.

Como acontece

  • Antes das oficinas: Visita às escolas parceiras para conhecer a unidade, gestores, equipe pedagógica e o corpo discente. Nessa ocasião, o Instituto Lima Barreto o projeto aos alunos, coletamos os nomes dos interessados e distribuímos autorizações de participação.
  • Durante as oficinas: Sendo o educador a principal ponte entre o Instituto e a escola parceira, ele é estimulado a dialogar com a unidade escolar como um todo.
  • Após as oficinas: Há um balanço das conquistas do projeto e uma prospecção do que pode ser melhorado, a partir das sugestões das escolas.

Estrutura necessária

  • Datashow, caixa de som e salas com cadeiras não fixadas ao chão, para que, eventualmente, possam-se formar círculos para debates. Não havendo possibilidade de salas com esta estrutura, há a possibilidade de adaptação à realidade de cada escola, utilizando espaços como salas de aula comuns, auditórios e bibliotecas são bem-vindos.

Avaliação de impacto social e individual

  • Aplicação da escala de autoestima de Rosenberg (ferramenta utilizada na psicologia para avaliar o autoconceito das pessoas antes e após o projeto).
  • Avaliação do conhecimento de história com questões adaptadas de exames conhecidos como FIRJAN e Olimpíada Nacional em História do Brasil.
  • Controle da frequência e acompanhamento qualitativo dos aprendizados, por
    aluno, turma e escola.

 

As plataformas da Cidade Escola Aprendiz utilizam cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para recomendar conteúdo e publicidade.
Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.